A Associação Cultural Sarau de Segunda promove um ciclo de eventos com objetivo de reavivar a história de importantes movimentos artísticos do Mato Grosso do Sul. O primeiro será sobre o teatro tendo como centro o Teatro e a FESMATA, Federação Sul-Mato-Grossense de Teatro Amador que por 3 décadas esteve no centro da política e da criação teatral no estado.
A diretora, atriz, dramaturga, professora e doutora Cristina Mato Grosso que esteva a frente do GUTAC, Grupo Teatral Amador Campo-Grandense, convidada principal, apresenta inicialmente a história de teatro neste período, que será complementada pelos demais participantes. Foram convidadas mais dez importantes personalidades do teatro, desta época, para contribuir com o tema e serem homenageadas recebendo um certificado e um “Saracuteia”, obra simbólica criada pela Oficina de Imaginação Saracuteia que integra o do Sarau de Segunda. Dentre eles: Jorge de Barros, Beto Figueiredo, Pedro Fenelon, Fernanda Kunzler, Sérgio Carvalho, Nill Amaral, Lú Bigatão e Haroldo Garay, Andrea Freire, Conceição Leite, Isac Zampieri e a própria Cristina.
O objetivo do projeto é reviver a memória deste período do teatro no Estado trazendo para as novas gerações de diretores, atores e demais profissionais e amadores. A relevância de conhecer o que aqui era realizado cenicamente pelas gerações anteriores está também no sentido estético para fundamentar novos processos criativos e conceituais. O teatro reflete criativamente o imaginário de um povo de um lugar sendo uma síntese sensível de um determinado momento histórico fundamental para o desenvolvimento estético de todos.
Na frente da Assembleia Legislativa, em 1984, os personagens de Pedro Palito e o Monstro Devorador, poetizavam a luta e as dificuldades dos sem-terra juntamente com outros grupos teatrais. Aconteceu durante o IV Encontro da FESMATA (Federação Sul-Mato-Grossense de Teatro Amador), quando os participantes coletivamente resolveram levar parte do evento para a casa de leis do MS, integrando a estética teatral com a realidade. Tratava-se de uma prática comum nos anos posteriores à ditadura militar. Aos vários grupos de teatro de Campo Grande se juntavam grupos de Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana e outros municípios. Construiu-se, durante algumas décadas, uma organização política em torno do teatro do Estado que defendia, difundia e influenciava coletiva e esteticamente os trabalhos.
Com a reprodução dos interesses neoliberais diminuiu-se a busca por uma unidade, por um campo comum entre todos os envolvidos com teatro, passando a uma cultura fragmentada onde cada grupo procura sobreviver sem uma preocupação com o conjunto do teatro na região. Um dos objetivos deste Ciclo de Eventos é preservar a memória do teatro e buscar uma unidade de interesses, num momento em que as políticas de cultura sofrem um desmonte e a união pode fortalecer a luta por mais investimentos e respeito ao teatro e a arte em geral.
Os próximos encontros serão: em abril “Unidade Guaicuru e as raízes indígenas da nossa arte”; em maio “Cineclube de Campo Grande: do meio intelectual para a periferia” e em junho “AMA (Associação Mato-Grossense de Arte): memória das artes visuais”.
Prof. Paulo Paes. 24 de março de 2024.
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