sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Teatral Grupo de Risco, 30 anos de Trajetória!


 EM FLUXO

O Teatral Grupo de Risco (TGR) celebra seus 30 anos de Trajetória com muita Arte!!!

Várias atividades permeiam a comemoração dos 30 anos, entre elas, apresentações teatrais, exibições de filmes, oficinas de formação, rodas de conversas sobre diversos temas sociais, culturais e políticos, além do início do processo de sistematização da história do grupo.

As apresentações teatrais iniciam neste sábado (24) na Feira Piratininga, às 19h, aberto ao público, com o Espetáculo de rua “A Princesa Engasgada” (de Márcia Frederico). A peça, em cartaz há 17 anos, é baseado na comédia del arte, uma homenagem ao humor do teatro medieval no qual dois atores representam diversos personagens. Uma camponesa cansada de apanhar do marido percebe a oportunidade de vingar-se dele quando aparece um fidalgo em busca de um médico para curar a filha do rei. A princesa está engasgada com uma espinha de peixe e precisa de um médico. A camponesa diz que seu marido é um médico O camponês, sem poder recusar é levado ao rei e começa assim seu castigo. Foi encenada em praças de Campo Grande e várias cidades do interior de Mato Grosso do Sul, além de participar de festivais e mostras teatrais no estado e país. Sucesso de crítica e de público foi premiado pelo 21° Festival Sul-Mato-Grossense de Teatro em Campo Grande, recebeu o Prêmio Funarte de Teatro de Rua.

O espetáculo se apresentará ainda em outras duas feiras da Capital: Feira da Coophavila 2, no dia 27/02 – próxima terça-feira, encerrando este primeiro ciclo de apresentações na Feira da Orla Morena no Cabreúva, todas as 19h, abertas ao público.


 Durante todo o ano, o TGR realizará diversas atividades artísticas potencializando os espetáculos que atualmente compõe o repertório do grupo com intuito de fortalecer o trabalho teatral em Campo Grande e manter a produção cultural na cidade viabilizando o acesso a arte.

Estas apresentações compõe o Projeto TGR em Fluxo aprovado no edital FOMTEATRO 2017 via Secretaria de Cultura e Turismo e Prefeitura Municipal de Campo Grande. TGR em Fluxo compreende 12 apresentações teatrais de 04 espetáculos distintos da companhia, 04 exibições de filmes produzidos pelo grupo, oficinas de iniciação teatral para jovens estudantes do bairro Nova Lima, e o início da sistematização do registro histórico do TGR.

Todas as ações serão revertidas à sociedade, sem cobrança de ingressos ou taxas, para garantir o acesso ao que a própria sociedade investiu.
TGR em Fluxo objetiva manter as atividades culturais do Teatral Grupo de Risco, promover o acesso a cultura e difusão da história de Mato Grosso do Sul, colaborando com o reconhecimento de nossa identidade

Das apresentações: O grupo realizará três apresentações de cada espetáculo do repertório em cartaz, abertas ao público (gratuitas), em diversos bairros distintos e na região central de Campo Grande. Com a peça 'Mito do Mato', em específico, pretende-se realizar as apresentações em escolas públicas municipais para fomentar além do interesse a arte e cultura, a questão histórica identitária sobre a divisão do Estado (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), e proporcionar uma imersão a nossa cultura regional, debater sobre signos e símbolos do processo divisionista.
Exibições dos filmes: Dois filmes produzidos pelo grupo serão exibidos em 04 (duas exibições de cada filme) escolas públicas (municipais) de Campo Grande, seguidos de um debate com os/as estudantes e grupo acerca dos temas trabalhados nos filmes. “1º A Liberdade é Dentro”, trata sobre a violência contra mulher; “Caá - A Força da Erva” registra o trabalho no erval, a exploração da erva mate no Estado, processo que compõe a história de 40 anos do MS e Capital Campo-grandense.
Formação/oficina: O grupo realizou este ano um processo de formação no bairro Nova Lima, com iniciação teatral na escola Lino Villachá, aberta a comunidade. Pretende-se dar continuidade a formação junto a comunidade que iniciou o processo. Para os meses de março e abril.
Sistematização: Fazer o levantamento histórico do grupo, atividades, espetáculos, formações, premiações, festivais que participou, metodologia e identidade, sua missão ideológica, como e onde atua, para compor um registro em formato de livro sobre a história do grupo. Esta primeira fase de levantamento, decupagem de materiais (visuais, escritos, depoimentos), será realizado neste projeto e apresentado numa atividade de encerramento. Ainda não será possível o lançamento de um livro, mas o registro e conteúdo para este.

PROGRAMAÇÃO DAS APRESENTAÇÕES TEATRAIS:

FEVEREIRO
A Princesa Engasgada (Márcia Frederico): 
24/02 (sábado) - Feira Piratininga, Manoel da Costa Lima
27/02 (terça-feira) - Feira Coophavila 2, Avenida Marinha
01/03 (quinta-feira) – Feira da Orla, Cabreúva
Todas às 19h

MARÇO
Guardiões (Lú Bigattão):
14, 15 e 16/03 (quarta a sexta) - às 20h no Espaço do Teatral Grupo de Risco
Rua José Antônio Pereira, 2170 – Jd Brasil

ABRIL
Revolução (Adaptação do texto de Augusto Boal)
12/04 - (quinta-feira) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
13/04 - (sexta-feira) – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)
16/04 - (segunda-feira) - Praça dos Imigrantes, rua Rui Barbosa, nº 65 
Todas as 19h

MAIO
Mito do Mato (Virginia Menezes)
28/05 - Escola Pública - Lino Vilacha, Nova Lima
29/05 - Escola Pública - Amando, Manoel Costa Lima
30/05 - Escola Pública - Irene Szukala, Aero Rancho
Horário à definir

*Todas as apresentações são gratuitas

Da peça em apresentação – A Princesa Engasgada (Márcia Frederico)

SINOPSE

Uma história irônica de uma princesa que se engasga com uma espinha de peixe e o rei determina que seja encontrado um médico para curar sua filha. Uma camponesa cansada apanhar do marido, resolve se vingar e diz  ao  fidalgo  que ele é médico,  mas    trata  seus  pacientes  quando  apanha.  O camponês, sem direito de recusa, é levado ao rei e assim começa seu castigo.  Com suas peripécias consegue ganhar a simpatia do rei.
Tendo como referência a Comédia  Dell’Arte,  dois  atores se transformam em reis,  princesas,  camponeses,  tudo  aos  olhos  do  público  que participa ativamente de toda a historia.

FICHA TÉCNICA
Direção: Colaborativa (o grupo)
Produção: Fernanda Kunzler
Elenco: André Tristão e Yago Garcia
Música: Ewerton Goulart
Cenário: Márcia Gomes
Adereços: Emmanuel Mayer e Roma Román
Figurino: Anderson Bernardes
Texto: Márcia Frederico
 
CONTATO: Fernanda Kunzler (67) 9241-6227 // 3042 8262

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

A Tragédia Grega Recontada

CARTA ABERTA DO GRUPO DE TEATRO IDENTIDADE PARA A COMUNIDADE DE TRÊS LAGOAS/MS

Três Lagoas/MS, 30 de janeiro de 2018

Tragédia e comédia é um par inseparável e faz parte da compreensão sobre o teatro e o fazer teatral há centenas de anos. Essa dupla sempre foi contada com maestria pelos grandes mestres, históricos e contemporâneos do teatro. Com esse pano de fundo, faremos desta carta pública um manifesto diante do desmonte galopante que identificamos, desde 2017, em relação à cultura nas suas variadas dimensões, que reunidas, representam uma tragédia recontada. Por que tragédia recontada? Porque não é raro ver políticas públicas serem transformadas em políticas de governo que nutrem os palanques eleitorais durante um período que seja. Portanto, contamos para a sociedade treslagoense que o Grupo de Teatro Identidade, criado em 2005, no âmbito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, a partir desta data está rompendo a parceria institucional com a Prefeitura de Municipal de Três Lagoas.

O rompimento é pacífico, porém nós, idealizadores e integrantes do Grupo de Teatro Identidade, temos a responsabilidade social de deixar transparentes os motivos de uma decisão tão delicada. Deixamos claro que nós cumprimos com respeito e compromisso o nosso trabalho dentro das instituições que nos respaldam há anos, com o entendimento da prestação de um serviço público. E sabemos que atingimos o nosso objetivo de trabalhar por políticas públicas culturais e defender o direito de todo cidadão três-lagoense de ter acesso gratuito à arte e à cultura, algo que consideramos essencial na nossa constituição como grupo e inclusive na nossa atuação social.

Ao longo dos anos (2005-2017), em Três Lagoas atendemos cerca de 750 mil pessoas direta e indiretamente de acordo com os nossos relatórios anuais. Uma marca que o idealizador deste projeto, Prof. Leandro Cazula, não tinha noção que adquirisse doze anos depois. No que diz respeito à parceria Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Prefeitura de Três Lagoas, entre 2010-2017, nós do Grupo de Teatro Identidade, com as forças e os recursos disponíveis de ambas as instituições, promovemos e incentivamos a arte e cultura locais.

Esse número astronômico alcançado é resultado de um esforço conjunto no qual alguns projetos fazem parte da nossa história e são eles: o corrente e ininterrupto desenvolvimento da Escola Municipal de Teatro, ao qual fomentamos a formação de centenas de crianças, jovens e adultos. Fortalecendo a inserção e formação destes participantes ao universo teatral e artístico, atendemos com produtos e atividades desenvolvidas, tais como: contação de Histórias; esquetes teatrais socioeducativas e artísticas; espetáculos teatrais; sombras-clowns; pintura facial e atividades interativas. Todas essas ações concretizadas e oferecidas gratuitamente à comunidade em geral, atendendo, ainda, os Centros de Educação Infantil - CEI, Escolas Municipais e Estaduais, Secretarias de Assistência Social, Meio Ambiente, Saúde e Esportes, Departamentos, Diretorias e Cursos Acadêmicos da UFMS, dentre outras tantas instituições.

Realizamos trimestralmente o Sarau Cultural de Três Lagoas, evento que ocorreu desde 2010 e que foi realizado até sua 22ª edição. Esse evento promoveu e incentivou ao público e aos artistas três-lagoenses com o contato nas mais diversas manifestações artísticas, como dança, teatro, música, literatura, artes plásticas etc.

Tudo isso sem contar com o nosso projeto de que mais nos orgulhamos: Semana Cultural – MS EM CENA. A Idealização e realização de um dos maiores festivais de teatro do Estado de Mato Grosso do Sul que, desde 2007, colocou Três Lagoas na rota dos eventos teatrais nacionais e regionais. Com a realização da última edição, isto é, a 11.ª Representação, em 2017, entre os dias 14 a 19 de novembro, possibilitamos ao longo de mais de uma década a formação de plateia para eventos no setor cultural e teatral, beneficiamos a população três-lagoense com os melhores trabalhos de teatro do estado e do país, além de instigar e fortalecer o contato com artistas de teatros em diferentes linguagens, de vários lugares e, sem dúvida, um evento reconhecido e com prestígio de muitos artistas teatrais do Brasil.

Foi um esforço imenso em terras áridas para a cultura, com C maiúsculo. Mas há um detalhe nessa história e ela possui o tom trágico, porém não é inédito. Sim! É possível contar essa tragédia se a colocarmos no contexto turbulento que o no nosso país perpassa. O retrocesso que vivemos no campo social e cultural pode ser visto em todos os telejornais, revistas e espalhado nas redes sociais.

E o rompimento da parceria em nome da “repaginação do teatro”, tal como advoga a gestão da Diretoria de Cultura, talvez traga à tona a capacidade incrível e trágica, dos gestores públicos, de envelopar o velho com cara nova, a cada quatro anos, sem pensar no legado ou na importância cultural de políticas públicas. Neutralizando, desse modo, a capacidade de fuga de uma agenda corporativa e midiática em que se transformou a cultura em Três Lagoas, que há quem diga que possui ares de renovação.

Por sorte e seriedade no que fizemos e ainda podemos fazer, não paramos e, de longe, esse rompimento significa o apagar de luzes do palco Identidade. Há sementes e brotos de esperança por todos os lados, e voltaremos à nossa dimensão universitária, nossa raiz e berço de formação, mostrando que sempre haverá esperança de retomada, reflexão e continuidade. Para Três Lagoas estaremos onde nunca deixamos de estar, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com a formação de plateia de sempre, enquanto um projeto de extensão. E com a certeza de que tragédia e comédia são lados da mesma moeda que, para o teatro, são completamente entrelaçados, mas para a gestão pública, pelo visto, só o lado da tragédia parece estar nos holofotes.

Evoé e muita merda!

Grupo de Teatro Identidade – Verão de 2018