segunda-feira, 1 de junho de 2009

“Cala a boca já morreu”. Frase provoca a luta pela democratização da comunicação no MS


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Rede de Educação Cidadã e Pontão de Cultura Guaicuru realizaram, em Campo Grande-MS, no dia 29 e 30 de maio o Seminário pela Democratização da Comunicação para pensar, com a sociedade civil, em políticas democráticas e como democratizar a comunicação no espaço público. Segundo Paulo Matoso, membro da Comissão Nacional da Rede de Educação Cidadã e coordenador do seminário no estado, o objetivo do evento foi consolidar a comunicação como um processo coletivo de construção de conhecimento, diálogo, relações horizontalizadas e de expressão da diversidade, à luz do Projeto Político Pedagógico, tendo em vista a transformação social.

Uma questão central do encontro foi o debate em torno da democratização da comunicação, para o qual foi realizada, no segundo dia, uma mesa com a participação do Secretário geral do Comitê pela Democatrização da Comunicação no Mato Grosso do Sul, Alexandre Maciel.

“Cala a boca já morreu”. Com essa frase, a jornalista e coordenadora do Núcleo dos Matos, ONG que atua no campo da democratização da comunicação, Yara Medeiros, afirmou que é preciso a gente fazer a acontecer. Ela também já participou da mesa de debate sobre democratização da comunicação, realizada no sábado, dentro da programação do seminário.

Para ela, é por meio da comunicação que a gente constrói a nossa visão de mundo. “É preciso democratizar, principalmentes, as redes de comunicação de massa. Precisamos estimular a produção e a divulgação dos saberes populares”, disse. Segundo a jornalista, a comunicação hoje precisa ser melhorada. Um exemplo e o das notícias muito fatuais e pouco contextualizadas.

O evento, baseado no conceito Freireano, buscou aprofundar a concepção de comunicação através de oficinas e debates. O encontro de comunicação contou com a participação de cerca 45 pessoas vindas dos municípios de Aquidauana, Rio Brilhante, Dourados, Nova Andradina, Corumbà. A maioria, contudo, foi de Campo Grande.

Participaram deste evento representantes das seguintes organizações. Assembléia Popular, MST, Instituto da Cultura Negra, Instituto Brasileiro de Inovações Pró-Sociedade Saudável, Teatral Grupo de Risco, Circo do Mato, Pontão de Cultura Gauicuru, Raízes Negras, representantes de comunidades indígenas urbanas e aldeados do estado, Conselho Indigenista Missionário, Movimento das Domésticas (KE), Mescla LGBT, Comite pela Democratização da Comunicação, UCDB, UFMS.

Repórteres: Lídia Franco,, Thiely Flores, Júlio Victor, Sidney Moraes de Albuquerque, Leide Matsunaka

Oficinas de comunicação capacita lideranças populares

Dentro da programação do seminário foram realizadas quatro oficinas de comunicação: elaboração de textos, blogs e internet, roteirização, produção e edição de vídeo e agitação e propaganda.

A estudante Dienyfer Luane Ocampos, 14 anos, participou da oficina de blogs e internet. Para ela, a oficina ajudou a ver a internet numa ótica mais dinâmica, como um meio para adquirir conhecimento e até gerar renda, para além do orkut.

Luana de Oliveira Silva e Juliana Toscan, ambas de 16 anos e residentes no assentamento do MST São Judas, no município de Rio Brilhante, dizem que agora, após terem participado da oficina de elaboração de texto, seus conteúdos serão melhores elaborados para oferecer ao público ouvinte. Ambas são locutoras na rádio jovem terra F.M 105,1, uma rádio comunitária no próprio assentamento.

Repórteres: Vera Lúcia Ferreira Pereira, Neuza de Souza Brito e Robson Luiz de Souza.

A grande mídia é transmissora da ideologia dominante


Membro do Grupo de Estudos Marxistas (Gem) e colaborador da Rede de Educação Cidadã, Getúlio Raimundo de Lima, afirma que o processo de democratização torna livre o espaço da comunicação para compreender a sociedade como um todo e desconcentrar o monopólio dos meios e ampliar os meios populares.

Para que ocorra essa democratização, Getúlio defende que é necessário a desprivatização e a alteração da estrutura de produção, superando também a exploração da classe trabalhadora. “Só isso garantiria a plena atividade comunicativa dos meios populares”, disse.

Segundo o membro do GEM, a comunicação é transmissora da ideologia dominante e reforça a alienação social, voltada somente ao consumo, para atender a lógica do mercado capitalista. Além disso, segundo Getúlio, promove o individualismo e favorece a concorrência na sociedade.

Repórteres: Júlio César, Juliana Toscan, Ivanilda Rofato, Luana de Oliveira Silva